Embarcando na Primeira Estação

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quarta-feira, dezembro 09, 2009

Bahnhof#21 - A Cabana

de: outro lugar
para: 2009

A neve, fresca sobre as folhas ainda verdes dos pinheiros, lembra cobertura de chantilly insólita na floresta densa.

Faz frio, muito frio, mas suportável, como tem sido os dias.
Tente achar uma noz, um pedaço de comida abandonada, qualquer coisa que venha a satisfazer o vazio do meu estômago e por conseguinte, o hiato do meu ser abandonado.

Os humanos, pelo menos alguns deles, dizem acreditar em uma entidade superior que os protege, ampara, dá esperança, cria situações de luz, de flores em pleno inverno da alma.

Sou cobaia. Nada creio de espírito. Vivo. Apenas vivo.

A cabana está abandonada, velha, largada no meio das altas árvores que parecem tocar a origem do frio que cobre meu pêlo.

Não ouso entrar. Sabe-se lá quais são as armadilhas que esperam o visitante.

A menina surgiu na varanda, olhou para o infinito, pareceu sorrir para mim. Posso ver o broche delicado da joaninha no vestidinho vermelho e o nome na fina pulseira dourada: Missy.
Ela olha pela porta entreaberta e finge ouvir alguém que a chama para dentro da morada.

Não consigo ver ninguém, além dela.
A menina entra saltitandom, retorna para o calor dos braços de alguém.

Kiss me.
Tente me beijar, medo.
Tente me alcançar.
Estou indo.

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