Embarcando na Primeira Estação

O ponto de partida é Bahnhof#0; aperte os botões corretos e boa jornada pelo tempo.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Bahnhof#13 - Sossego Paradisíaco

de: 1941
para: dezembro 1941

Não variei de ano com receio de acontecesse alguma coisa com ela.

Me desloquei até uma paradisíaca ilha do Pacífico para ficarmos tranquilos, sossegados, enquanto ela própria recupera a respiração e desenvolve confiança em mim, seu novo companheiro.

- Voce está bem ?

Exausta, nem responde. Me olha desanimada. Quando tento me afastar, ela me puxa lentamente ao seu encontro e fecha os olhos. Dúvida de deixar ir, querer ficar.

À sombra dos coqueiros o barulho do mar é agradável e com certeza o local escolhido foi excelente. O arquipélago havaiano é uma das mais belas obras da natureza desse planeta.

Ela agora descansa e vou procurar comida saindo um pouco da praia de Waikiki, uma das mais habitadas da ilha de Oahu. Poderia viver com ela aqui para sempre. Poderíamos mudar de praia quando nós... um zumbido sendo amplificado a partir de pontos no horizonte vindo em nossa direção... o que são essas máquinas voadoras ?

Meus pelos arrepiados lançam-me de volta ao encontro dela enquanto escuto barulhos ensurdecedores de explosões ao longe. Ela está acordada e assustada.

Vamos partir novamente, para outra data. Parece que os homens adoraram expandir a guerra além das fronteiras da compreensão racional.

O arquipélago irá para os ares e nós iremos embora antes que isso aconteça. Do jeito que os homens são, no futuro esse ataque irá se transformar em atração turística. Não duvido nem um pouco.

Sequencia de botões e partir mais uma vez.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Bahnhof#12 - A Companheira

de: abril 1500
para: 1941

Não me acostumo com os largos saltos no tempo...

Mas não consigo me acostumar com a idéia de que não consigo encontrar o Prof. Manrat na própria terra dele.

A guerra continua e a confusão de braços, pernas, mutiladas, ensanguentadas, confunde cada vez mais a minha lógica animal de querer e poder encontrar meu cuidador.

O laboratório continua destroçado e acho que nunca mais ele retornou ao local.

Vejo no canto esquerdo um movimento.
Minúsculo, pendular.
Me aproximo e vejo um ser, parecido comigo, mas fêmea.
Assustada mas consolada em ver algo parecido com ela, ou seja, eu.

Não me recordo dessa criatura. Deve ter aparecido de fora ou é fruto das experiências do Prof. Manrat.

Está muda. E assustada.

Aproximo-me dela e nos encostamos. É bom sentir calor externo novamente. As mãos do professor sempre me faziam carinho antes e depois dos experimentos. Sinto falta dele.

Ficamos imóveis por diversos minutos, sentindo a pulsação, trocando calor, respiração, ofegantes entre os escombros humanos de um local abandonado. Ela estava só. Eu navego só.

Vou levá-la comigo.
Será que cabe na máquina ?
Não custa tentar.

- Voce quer vir ?
Ela veio. Vamos...

Bahnhof#11 - As virgens da praia

de: 1656
para: abril 1500

O balanço do mar deixa a maioria da tripulação enjoada e posso dizer que essa viagem não pode ser definida como um cruzeiro através do oceano Atlântico.

Dias sem ter o que fazer em busca de uma ilhota, de um horizonte diferente dessa quantidade absurda de água.

Estou dormindo desde ontem à noite no porão, com certo receio de virar comida dos marujos, mas com a curiosidade, que tantos gatos já matou, para ver o que acontece.

Tem um senhor escritor, que não pára de anotar as passagens da viagem e um outro, mais imponente, chamado de Capitão Cabral pelos outros, que não desiste de olhar para o infinito.

No meio da tarde seguinte, avistaram algumas gaivotas, um pedaço de terra, um monte que chamaram de Pascoal e praias lindas. Parece até um porto seguro.

Contornaram os arrecifes, desceram em botes e trocaram as primeiras experiências com os habitantes semi-nus daquela terra enorme. Parecem ser pessoas boas, inocentes, diria até pueris.

Acho que eles estão trocando papagaio por pardal e irão se arrepender, mas descobrir terras tem dessas coisas: quem vive na terra morre e o explorador, explora mesmo.

Vou correr um pouco pela praia e voltar para a nau antes que seja tarde demais para mim, afinal estou nú.

Prof. Manrat adoraria esse lugar diferente...